segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Nunca vi Star Wars, E.T., Grease, nunca assisti completo Uma Linda Mulher, Ghost, O Guarda Costas, não vejo graça em O Pequeno Príncipe e não faço questão de ouvir Chico Buarque, Gilberto Gil, Os Beatles e companhia.

domingo, 19 de julho de 2015

Rapunzel, me trepei em tua trança raio de sol
para ver de perto o meu Narciso
em teu poço sem fundo.
Revirei as catacumbas do Himalaia
no toque soproso das tuas cordas
ao som de passos de gente em marte
Rabisquei mais linhas em
minha mão direita
com uma caneta bic que não era minha
Rapunzel, desce da torre
e trás teu baralho pra a gente tirar na rua.

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Dilatei minhas asas antes em saco a vácuo
E se não for para voar
Que não me faça de galinha na farofa de alguém.
E o mundo que disseram que a mim pertencia
Não gira
E deixa a gira girar
É Tonta
É Torta
É Na cara
Desse lado aqui
Bem no meio da boca
Do estomago

Olho pro violão a minha frente
Sinto a afta no lábio superior do lado esquerdo
Franzo a testa
Percebo que a palavra franzir é engraçada
Martelo minha cabeça com aquela coisa de socar carne
Meus olhos pousam pro nada, e é mentira, é um chão cinza
Estou preocupada, li ontem um livro ruim
Respiro fundo
E, estou preocupada.
Sinto a idade se espremer em minha cara como tomate dentro de azeitona
Estou preocupada, bastante preocupada.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Bate Forte o Tambor

Por que é que você acha que vai sair
Falando por aí
Do meu jeito mais ou menos
Se tu nem me deixa entrar por inteiro?

Tens mais respeito pelo meu corpo
Com tua cabeça de baixo
Qual o lugar desse teu desejo
Que embota por receio?

Só te peguei pela metade
E sabemos que nessa tua raiva não há maldade

Vou deixar o meu rastro
Debaixo da tua cama
No suor dos teus olhos
Na sujeira da unha
Na tua dor de barriga
Junto a fada madrinha
Ao Capitão Planeta
E no meio do peito
Que nem taquicardia


quarta-feira, 27 de maio de 2015

Sem Meias Palavras

Quando eu passar meu batom
Não me invente de tirar com teu beijo
Se queres em tua boca um rubor
Vai ter que ajoelhar em meu desejo

Que tua boca em minha boca cala(fria)
Shiii
Tua boca em minha boca cala(fria)
Shiii
Tua boca em minha boca cala(fria)

eu perce(vejo)
em tua boca da garrafa
o vazio do peito
me pede mais uma rodada

e eu piro no salão
a  beleza dos teus olhos
sufoco minha mão
nas entranhas dos teus fogos

enfio os meus lábios
no teu céu estrelado
te jorro meu licor de framboesa
por baixo, por cima da mesa

o que te falo é em segredo
e se for para espalhar
que seja em meu corpo
o sopro solto do coito

Não tiro por deus nem pelo diabo
Meu batom red-sangue-encarnado
Desbota em minha pele o penteado
Destes meus cabelos cacheados

E se a ti isso não interessa
Meu corpo em tua boca não é festa
E se a ti isso não interessa
Shiiii



terça-feira, 19 de maio de 2015

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Querido Artaud, boa noite

O quão frio é o inferno?
O que te arde a cabeça por aí? Te queima os ossos, te enruga os pêlos, te doi quando você fala?
O inferno do meu lado é nublado que nem um sorriso sem céu de boca. Não sei Artaud, somos tantos, e as vezes, preferiria nao ter que ser muitos. Já tentei, e você viu. Tentei ser comum, daquelas que tem trabalho em loja da sapato, que volta para casa e come o que der, sai para beber cerveja, e vai à praia, e compra roupa, e coloca maquiagem, e vai para um sertanejo, e escova cabelo,  e faz tudo de novo, e de novo, e de novo come pão com ovo. Gosto de malzbier, Artaud, e penso que isso é um problema.

Me vejo tão pouco em coisas que gostaria de me jogar, me vejo mais nas beiradas dos abismos, comento pelos cantos, sem deixar transbordar.  Quando vejo alguém fazendo algo que me ganha os olhos do peito, a boca da barriga explode em gozo e vou para casa com isso. E só. Será que me falta cunhões?

Deixei o teatro de lado tem tempo, Artaud. Não tentei muito ficar dentro de seu espaço e quando tentei juro que foi de verdade, me empenhei muito, corri muito, fui atrás, na frente, o cerquei como emboscada. Mas, não deu. As vezes penso que ele não quis me dar. Me tirou tanta coisa. Me deu seu drama, me pôs em lágrimas tantas vezes, me deu centavos, colegas de trabalho, mas que trabalho hein? Que me aborrecia cada apresentação. Eu gostava de estar em sua presença Artaud, só que não tantas vezes. Me enchia o saco. Eu só ouvia os outros "Ah, o teatro! Amo ensaiar! Amo apresentar!" só faltavam tatuar no braço: "Teatro, o amor da minha vida, como te quero meu bem mais precioso de todos os tempos dos tempos que já existiu". Preguiça. Odiava me apresentar aos sábados e domingos  por um mês, dois meses, ou seja lá quanto tempo. Levanta, fala, abaixa, pega, risca, um, dois, três para trás, olha com raiva, volta, grita. Uma das coisas que mais amei em fazer no meu tempo de glória teatral foi aos meus 13 anos. Fui uma árvore em Chapeuzinho Vermelho. Foi lindo, ali o teatro me fisgou e me colocou em um aquario. Glu glu. Mas me cansou tão rápido.

Cresci a menina extravagante das pulseiras e cabelos coloridos. Não me deram muitas chances, Artaud. Não pude escolher o que fazer, aceitava qualquer moeda de troca, queria to do, tentar, encontrar outros caminhos de rato. Me olhavam com a ponta da lingua "menos, menina", eu olhava Kika e dizia: "é isso, por que não?". E a resposta era: Porque não. Ataud, eu não sou menos. Minha natureza não é de coelho, não critico quem seja, não critico se se é "versátil" ou coisas do tipo, não é que eu não seja, ou não saiba ser, é que me calo na dor de me perceber só em minhas ideias, cansa Artaud, brincar só. Deixei o teatro para lá, e vira e mexe ele volta e me atormenta, fui para tantos outros lugares na tentativa de ocupar um espaço de terra abandonada, pensando em cultivar, mas me incomoda algo entre os dedos dos pés. É o teatro, Artaud. É minha covardia. Há tanto de histeria em minha historia que se mexer fede, e você sabe, não me dou para filmes, Artaud. Me querem menos. E eu cresci, Artaud, extra vagante.

sexta-feira, 20 de março de 2015

Se está vazio no meio do peito
Imagine na cabeça...
Calma!
É melhor não imaginar
Mais alguma coisa poderia transbordar

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

Bonitinho das Tapioca

Andando pelos cruzamentos de minhas pernas te avistei. Era cor de parede gelo, cachos entre os dedos e uma língua que adoraria chupar. Te descobri no meu sapato 40 e no pote de mel. Te saquei logo de longe, como quem vê um chuchu e saliva. Sorri. Só por dentro. Lá dentro. Tua pele transparente com cheiro de sabonete Johnson despertou minha maternidade nunca revelada, quis você nas minhas tetas. Intrigante como sempre freqüentávamos o mesmo ambulatório e nunca te percebi e sinceramente nunca quis te fazer percebível. Mais ali você estava. Exatamente no momento em que eu me disse numa conversa que ecoava entre buracos que gostaria de gostar de você. Uma lesma de belos par de braços que com toda certeza saberia me domar, quando eu deixasse. Olhei para os lados para ter certeza que ninguém te espreitava entre os pés. Nesse lugar onde estamos presos e somos obrigados a nossa medicação valiosa de moral, educação e civilização eu grunho e você, me ouve.

Durante nossas refeições passei a me aproximar de você. Descobri tua risada com erres e ês, descobri mais mistério adolescente do que qualquer outra coisa, descobri que adoraria te descascar e ver o que tem por baixo. Claro que digo isso em todos os bons sentidos. Meu olhar para teu corpo de menino mudava, pensei muitas vezes que foi um dos remédios que fez isso, e tenho certeza que foi essa porra de cor azul, mesmo assim eu tomava essa bosta sonhando na verdade em tomar no cu, e com você, meu amor <3.

Fofoquei sobre teu jeito com algumas amigas, a Fada, a Duende, a Doente e a Angélica. Mirabolamos uma maconha escondida e um plano trés maquinifique. Elas se chegariam em você muito antes do meu perfume de alfazema, te cercariam e eu partiria pro ataque, muito antes de você ter alta e eu ter pirado por você ter ido embora. Mas sabe, não é porque estou aqui que estou completamente louca, insana, doida, alucinada, tetéu, pinéu, maravilhosa, que eu conseguiria resolver isso em um dia. Apesar de não estarmos tão bem assim ainda respeito as suas limitações, então resolvi te fazer me aceitar em uma semana. Porra de remédio azul.

Hoje quando íamos assistir televisão te puxei pelo braço com vontade de puxar a tua roupa. Você com esse seu sem jeito queria escapar teu braço da minha mão boca de lobo, mas benhê te peguei. Joguei na sua cara o quão frio que você era, te disse umas verdades nas fuças, que você precisava parar de achar que as pessoas precisavam te encher de mimos e mimimmimimimimimimimi. Me colocaram pra dormir nessa porra.

Depois você sentou ao meu lado, disse que meu uniforme estava bem passado. Eu vi que esse seu elogio era porque você queria se mostrar. Só fiquei aguardando suas palavras embotadas tocarem minha pele e florescer. Você se desculpou por não conseguir se expressar, disse que falou sobre isso com sua mãe na visitação da quinta e que ela te aconselhou a conversar comigo, você me disse que a psiquiatra tinha te aconselhado a mesma coisa, você me disse que não consegue se relacionar muito bem com as pessoas e que isso era um problemão para você. Você me disse que queria ter falado essas coisas antes, mas o remédio azul não deixava. Essa porra de remédio azul.

Ficamos levando as ultimas gotas de sol na testa enquanto o segurança nos olhava com desdém. Idiota, ele bem acha que nunca o vi abusando de uma moça aqui dentro? Deixa só quando sair que vou falar para todo mundo. Daí, toquei no seu dedo midinho, não sei se lembra... Sempre tive apreço por dedos midinhos. Eles são tão pequenos e ficam atrás de quatro outros dedos, isso quando se tem esses quatros outros dedos, tipo eu, que tenho metade de um dedo midinho na mão esquerda, minha prima o chamava de Mindão... Mindão nojo.

Gosto de lembrar da sua unha. Tinha terra por causa da atividade de jardinagem, eu também gosto de jardinagem, mas ali não quis fazer, preferi te olhar. Te falei  nesse dia que tinha chegado aqui porque matei o gato da minha prima, o Teseu. A coitada fazia teatro e as pessoas diziam que eu fazia besteira. O gato era horrível, ele não miava! Gritava no meu ouvido sabe? Dizia: Mim Pauuuu. Você acredita nisso? Um gato falando: Mim Pauuuu. Mim pau um caralho! Eu dizia: Seu bosta você é um gato! Não vou trepar com você! Você não vai me enlouquecer! Ai teve um dia que não agüentei e joguei esse bosta pela janela. Ai sim dessa vez eu escutei: MIAUUU. Mas ai já era tarde ne? Então vim parar aqui. Só para te conhecer.

Seus olhos me lembram dois bombons de café. 
Naquela noite fomos a praia, andamos só por andar no calçadão. As vezes meu mindinho cotó tocava no seu, mas era apenas pelo balançar dos braços. Nos sentamos na areia e viajamos pelas estrelas e cometas, encostei minha cabeça no seu ombro esperando pelo seu beijo. Mas não aconteceu porra nenhuma porque você não se movia. Te beijei. E foi a boca mais desidratada e linda que beijei. Senti cada rachadura de seus lábios e a fraqueza de seus dentes, seu hálito de cigarro e da comida de ontem. Era nesse buraco no meio da cara que gostaria que me engolisse.

No outro dia, na hora do lanche te dei meu iogurte, você ainda tava lento sendo que um mais menos lento. Te falei de nós dois na praia e você riu com os olhos. Enrolei teu cabelo no meu dedo midinho, não dava para enrolar muito mas você nem tinha tanto cabelo assim. Te beijei a face e você no seu tempo levantou o olhar. Você me disse uma das coisas mais lindas que ouvi até hoje, que você gostaria de enroscar o seu intestino delgado no meu fígado. E eu deixei. Tanto que não parava de sentir coisas na barriga.

Nunca te perguntei porque você tinha parado aqui. Ouvi alguns boatos que você tinha tentado se matar por algumas razões que não me interessa. A não ser que seja do seu interesse me dar um pouco do seu coração. Faço questão de te contar um conselho que falo para poucos, é preciso se matar de vez em quando, eu mesma já me matei três vezes, sou a filha mais nova de uma família até que modesta, e quando não se tem muito espaço para as pessoas te reconhecerem você tem que se reconhecer. Hoje estou tentando ver como é ser assim e estar aqui. Sabe, não gostei muito, pensei que fosse ser mais divertido, a maior surpresa dessa viagem intergaláctica e a sua companhia.


Ontem recebi a noticia que você iria de alta. Não tomei café e não almocei. Estava destruindo as mudas de capim no jardim e você se aproximou. Me disse, enquanto andávamos na areia da praia que não iria poder mais ficar aqui comigo, que isso era um decisão muito difícil que você tomou mas que precisa seguir seu caminho. Eu já sabia de tudo isso que ia dizer, era fácil adivinhar, seu nariz torce quando as palavras estão como nó de marinheiro na garganta. Leandro tinha sintonizado em uma dessas rádios de música antiga, tocava Bob Dylan. Você me convidou para dançar. Deixei minhas lágrimas no colarinho da tua blusa. Evaporei na tua lembrança. Abotoei meu vazio. Da grade você foi com sua esposa. E eu mais uma vez internada. 
Um brinde ao nó de marinheiro na garganta
Ingrid o lance é o seguinte
Traição é traição
Romance é Romance
Amor é Amor e
O lance é o lance

Mais claro do que isso só minha mão na sua cara.

Se não fosse pela guitarra
Recolheria minhas cordas